quinta-feira, 17 de junho de 2010

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  Meu coração dispara. Minhas mãos gelam. Sinto borboletas brigando dentro do meu estômago. Perco a voz e o fôlego. Sinto o suor gelado pingar das minhas mãos. Você sorri em minha direção. Minhas pernas tremem. Tento sorrir. Apenas tento. Você se aproxima. Não sinto mais meus batimentos. Será que estou mesmo aqui? Falta pouco, você está mais perto. Toda nossa história passa diante dos meus olhos. Nossos lábios se tocam. Sinto seus braços ao redor do meu corpo. Meu coração volta a bater. Aceleradamente. Nossos lábios se afastam. Enterro minha cabeça em seu ombro. Sinto seu cheiro. Uma sensação de bem-estar toma conta de mim. O tempo para. Tudo está perfeito. Você diz que me ama. Derreto por dentro. Nossos lábios se tocam novamente. Sinto sua língua explorar todos os espaços da minha boca. Meus braços te apertam contra meu corpo. Você respira fundo. Segura minha cabeça entre suas mãos. Eu abro os olhos. Você não está mais aqui. Olho para o lado. Vejo uma porta fechada. Tento entender o que está acontecendo. Percebo que não estou mais em pé. Vejo uma janela. Sinto um vento frio no meu rosto. Entendo. Uma lágrima se desprende do meu olho. Tento voltar a dormir. 



Raysa Murça

domingo, 17 de janeiro de 2010

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Eu estava parada no meio do nada. Uma forte luz ofuscava a minha visão. Eu não conseguia abrir os olhos. Tentei caminhar, mas meu corpo não obedecia aos comandos do meu cérebro. Eu estava paralisada. Tentei respirar fundo, mas senti uma dor enorme no peito. A forte luz ainda me incomodava, estava lentamente me acostumando com a claridade. Tapei os olhos com as mãos e tentei abri-los novamente. Eles arderam como fogo. Quando finalmente consegui abri-los, percebi que tinha uma pessoa deitada no chão a alguns metros de mim. Tentei perguntar quem era, mas nem eu mesma pude ouvir minha voz. Respirei fundo e percebi que a dor no meu peito havia desaparecido. Forcei meus pulmões e minha garganta e consegui falar com uma voz baixa e rouca:
- Quem está aí?
Não houve resposta alguma. Tentei caminhar e meu corpo respondeu lentamente. Minhas pernas tremeram quando dei o primeiro passo e por um momento não senti o chão sob meus pés, parecia que eu estava flutuando. Mas o vôo não durou muito tempo. Eu me choquei no chão como uma pedra, me apoiando em minhas mãos e joelhos, sentindo uma dor enorme que parecia querer me rasgar ao meio. Levantei com dificuldade, me esforçando para ficar de pé. Respirei fundo e dei um passo firme. Consegui me manter de pé. Olhei para frente e a pessoa continuava imóvel no chão. Gritei novamente, mas foi em vão. Dei mais um passo à frente, caminhando em sua direção, tentando distinguir sua fisionomia. Ela me parecia familiar. Caminhei lentamente e com muito cuidado.
Quando me aproximei daquele corpo imóvel à minha frente, senti meu estômago embrulhar e minha cabeça girar. Uma angústia terrível se abateu subitamente sobre mim. Eu conhecia aquela pessoa. Minha garganta estava seca. Fiquei paralisada. Meu rosto estava estático com uma expressão indescritível. Meus olhos se encheram de lágrimas. Me aproximei e me inclinei sobre o corpo. Não pude acreditar no que eu estava vendo! Aquela pessoa imóvel, estirada no chão, sem nenhum sinal de vida, tão pálida que chegava a doer os olhos ao olhar para ela, era... eu!


Raysa Murça